Salários serão reduzidos na unidade de manganês da Vale em Minas Gerais


As operações são impactadas pelo elevado preço da energia elétrica no Estado


Fonte: Diário do Comercio

Em meio à grave crise que afeta a indústria de ferroligas em Minas Gerais, a Vale S/A reduzirá pela metade os salários de, pelo menos, 150 trabalhadores da unidade de manganês, em Ouro Preto, na região Central do Estado, a partir do próximo dia 20. As operações são impactadas pelo elevado preço da energia elétrica no Estado.

As informações são do Sindicato dos Metalúrgicos de São Julião e Ouro Preto. O diretor da entidade, Luiz Nascimento, explica que a planta da região Central suspendou a produção há cerca de um ano. Porém, a Vale manteve o pagamento dos salários dos funcionários neste período.

Com o agravamento da crise por conta do custo da energia elétrica, o que inviabiliza a produção de ferroligas no Estado, a Vale propôs a redução salarial. Nascimento informa que o limite será de R$ 1.325, desta forma, em alguns casos a redução será menor do que 50%.

Além disso, a empresa se comprometeu a pagar os benefícios, como o plano de saúde e o vale-alimentação. A medida entra em vigor no próximo dia 20 e será estendida por 90 dias.

Nascimento não descarta que a proposta seja apresentada para as outras unidades de manganês da Vale em Minas Gerais, que conta, no total, com 600 trabalhadores. "Orientamos os demais sindicatos a seguir a mesma negociação", informa.

Em Barbacena (Campo das Vertentes), os trabalhadores da Vale ainda não receberam uma proposta semelhante, conforme o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Barbacena, Jaci da Silva Coelho. Porém, ele lembra que as operações também estão paralisadas desde o fim do ano passado.

Conforme o presidente da entidade, neste período a companhia mantém os pagamentos dos trabalhadores. Mesmo com a produção paralisada, os funcionários continuam na planta da companhia no município, exercendo outras tarefas.

Em nota, a Vale informa que está fazendo todos os esforços para evitar desligamentos, negociando com os sindicatos alternativas visando a preservação do emprego e acredita que alcançará um acordo. "No entanto, no momento, a Vale ainda não tem detalhes para disponibilizar", conclui.

A paralisação das atividades foi anunciada pela Vale em seu relatório operacional do primeiro trimestre. De acordo com o documento, a produção de ferroligas nas plantas instalada em Barbacena e Ouro Preto foi encerrada porque a operação se tornou economicamente inviável após o término dos contratos de energia até então em vigor e o aumento dos custos.

Sem revelar detalhes, a companhia informou que as operações do complexo minerário do Morro da Mina foram afetadas pela paralisação. A jazida é responsável por abastecer as unidades industriais.

Com isso, no primeiro trimestre, a produção de ferroligas da Vale recuou 40,6% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. Foram 27 mil toneladas, contra 46 mil toneladas entre janeiro e março de 2014.

emissões - As demissões provocadas pela crise do setor de ferroligas já atingem 15 mil trabalhadores na cadeia produtiva, conforme estima a Associação Brasileira dos Produtores de Ferroligas e de Silício Metálico (Abrafe). Atualmente, a indústria opera com somente 20% de sua capacidade instalada no Estado.

A crise do segmento se agravou com o fim dos contratos de longo prazo entre as empresas e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), os custos mais que triplicaram, inviabilizando a continuidade das operações. A extensão da Medida Provisória (MP) 667, que beneficia eletrointensivas do Nordeste, para Minas Gerais é apontada como a alternativa para reverter o quadro atual.

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