A Vale encolhe para crescer


Fonte: Istoé

Há momentos em que é preciso dar um passo para trás, para depois avançar dois passos para a frente. Essa antiga máxima, muito utilizada no mundo dos negócios, serve para explicar a estratégia adotada pela Vale, a maior mineradora de ferro das Américas. Enfrentando um mercado difícil, que derrubou o preço do minério de ferro, seu principal produto, para o menor patamar nos últimos quatro anos, a companhia vem se desfazendo de ativos não relacionados à mineração desde 2012. Só no ano passado, a Vale levantou cerca de US$ 6 bilhões com a venda de cinco operações não estratégicas.

No começo da segunda quinzena de agosto, foi a vez da transferência de 26,5% do capital votante da VLI, seu braço de logística, para o fundo de investimentos Brookfield, por R$ 2 bilhões. Foi o mais recente capítulo desse plano de desinvestimento que, ao que tudo indica, deve continuar. Ao se desfazer de ativos não estratégicos, a Vale conseguiu superar suas expectativas de resultados no segundo trimestre deste ano. O lucro líquido atingiu R$ 3,18 bilhões, quase três vezes mais do que o registrado no mesmo período do ano passado.

O aumento na produção de minério de ferro, que alcançou 79,4 milhões de toneladas, também ajudou a impulsionar os resultados. O CEO Murilo Ferreira aposta na melhora da produção como forma de resistir à queda no preço da commodity, que chegou a US$ 95 por tonelada em julho, uma redução de cerca de 20% em relação ao mesmo mês de 2013. “Estamos, a cada dia, comprometidos a aumentar a eficiência das nossas operações”, disse Ferreira, em conferência com analistas do setor. Com a marcha à ré na diversificação, a mineradora concentra, agora, a maior parte de suas atenções em projetos que devem garantir um futuro mais lucrativo.


Entre eles está a mina de Conceição Itabiritos, em Itabira (MG). No início deste mês, analistas da consultoria americana Cowen Group foram conhecer as instalações do projeto. Os visitantes ficaram impressionados. “Essa operação é um exemplo de como a Vale está utilizando a tecnologia para aumentar a produção”, afirmaram, em relatório, Anthony B. Rizzuto, Novid Rassouli e Ryan Wentling. Enquanto isso, a venda de ativos continua a pleno vapor. Na fila estão a participação de 40% que detém na mineradora brasileira MRN, ativos nos setores de óleo e gás e energia, além de parte de sua frota de supernavios de transporte de minérios.

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