Sindicalistas de todo o Brasil se reúnem a partir desta segunda-feira (7) no 13º Congresso Nacional da CUT (Concut), na Praia Grande, no litoral de São Paulo. Em pauta, a precarização do trabalho, após dois anos da “reforma” trabalhista, e as restrições nas aposentadorias, com a iminente aprovação da “reforma” da Previdência. Há ainda a perseguição do governo Bolsonaro às entidades que representam os trabalhadores.
Com o tema Lula Livre – Sindicatos Fortes, Direitos, Soberania e Democracia, a programação do Concut, que vai até quinta-feira (10), começa com análises da conjuntura nacional e internacional que vão contar com a presença da ex-presidenta Dilma Rousseff, do ex-presidenciável e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, da presidenta do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), e do ex-chanceler Celso Amorim.
“É um processo difícil neste momento, e requer que a gente debata qual é a estrutura sindical necessária para enfrentar esse processo de desmonte da legislação trabalhista. Fala-se inclusive que já estaria em curso uma reforma sindical. Nós sabemos o projeto do governo federal. É um ataque, mais uma vez, às entidades sindicais”, afirmou o secretário de Comunicação da CUT, Roni Barbosa, aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (7).
Segundo ele, a crise do desemprego tem submetido as pessoas a trabalhos precários, como os de motoristas e entregadores de aplicativos, marcados por jornadas extensas e quase nenhum direito. “Queremos conhecer melhor essas categorias e ver como é que o movimento sindical pode se inserir para ajudá-las a não serem tão exploradas como estão sendo hoje”, disse Barbosa, sobre a chamada “uberização“.
Papel dos sindicatos
Em cenário de ataque à organização sindical, o Concut também deve discutir estratégias para mostrar à sociedade qual é o papel das entidades. A política de valorização do salário mínimo, por exemplo, derivou de um acordo perseguido pelas centrais sindicais. Implementada a partir de 2004, no início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e sem sua continuidade definida pelo atual governo, essa política previa o reajuste anual calculado a partir da variação do Produto Interno Bruto (PIB) e pela inflação do ano anterior, e foi um dos mais importantes instrumentos de redução das desigualdades no país nos últimos anos.
Esta e outras medidas têm pouco impacto direto em boa parte dos trabalhadores filiados à CUT, que em geral têm remunerações acima do salário mínimo, mas influenciam diversas outras categorias e beneficiam a economia de uma forma geral. “Por isso estamos trabalhando fortemente para rejeitar a reforma da Previdência. Os trabalhadores de baixa renda serão os principais prejudicados. Talvez nem todos estejam representados nos nossos sindicatos, mas achamos isso muito importante. Esse é o papel de uma central sindical.”
Outro exemplo de conquistas sindicais, segundo Barbosa, são benefícios obtidos pelas categorias como plano de saúde e vale-refeição. “O trabalhador bancário, por exemplo, recebe vários benefícios e acha que é uma concessão do patrão, sendo que tudo isso é fruto de conquistas de décadas e décadas de luta dos sindicatos. Todos os direitos que estão acima da legislação são conquistas dos sindicatos, e às vezes os próprios trabalhadores não sabem”, afirmou o secretário de Comunicação da CUT.
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