A multinacional americana Bunge, uma das maiores produtoras de alimentos, inaugurou nesta sexta-feira um porto fluvial no Pará que permitirá ao Brasil exportar grãos pelo Norte do país e oferecer uma alternativa aos sobrecarregados portos do Sul e do Sudeste.
"Estamos descongestionando os portos do Sul e melhorando o fluxo de exportação no Norte, garantindo infraestrutura de qualidade", afirmou a presidente Dilma Rousseff em discurso na cerimônia de inauguração do complexo portuário Miritituba-Barcarena.
O terminal permitirá que a produção brasileira de grãos seja enviada pelo Rio Tapajós rumo ao Mato Grosso, uma das maiores fronteiras agrícolas do país, segundo os diretores de Bunge. Atualmente, 70% da produção de soja do Mato Grosso é enviada aos portos de Santos e de Paranaguá, a cerca de dois mil quilômetros de distância.
O Brasil, maior exportador mundial de soja e segundo maior produtor, terá neste ano, segundo previsões do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma colheita recorde de 88,4 milhões de toneladas da oleaginosa, 8,3% superior à de 2013.
A produção brasileira de grãos, conforme as mesmas previsões, chegará neste ano a 189,4 milhões de tonelada, com um crescimento de 0,7% frente à colheita do ano passado, que foi recorde, o que confirma o país como um dos maiores celeiros mundiais. O novo complexo tem capacidade para embarcar até 2,5 milhões de toneladas de grãos por ano.
"É uma nova alternativa, é um novo paradigma para os produtores brasileiros. Ao invés de escoar a produção de Mato Grosso pelo Sudeste do país, nós vamos estar escoando pelo Norte, muito mais próximo dos portos de destino, como Europa e China", afirmou o presidente e executivo-chefe da Bunge no Brasil, Pedro Parente.
Os executivos da multinacional também destacaram a sustentabilidade do projeto por optar pelo transporte na Amazônia por hidrovias no lugar de estradas.
"A grande novidade desse projeto é desafogar a logística rodoviária que hoje sai do Mato Grosso até o Sul/Sudeste do país, via rodovia e caminhões, e trazer esses caminhões subindo até Itaituba pela BR-163 e fazendo o transbordo da soja e do milho para as barcaças, descendo o Rio Tapajós até Barcarena", disse o gerente de operações portuárias do Terfron, João Felipe Folquening.
Após percorrer 1.100 quilômetros por estrada, as cargas prosseguirão outros mil quilômetros pelo rio em um transcurso de três dias até Barcarena, onde será transferida aos navios rumo ao exterior.
Segundo o executivo, o transporte fluvial é mais sustentável, mais barato e eficiente que o terrestre.
"Precisamos transitar da matriz centrada em rodovias, para uma outra que combine todos os modais. Para isso precisamos do investimento público e privado (...) Queremos junto do setor produtivo estabelecer as melhores bases para ampliar a produtividade da economia brasileira", afirmou Dilma em seu discurso.
O governo realizou investimentos de pavimentação e ampliação da estrada que liga os municípios produtores do Mato Grosso a Itaituba para poder transformá-la em uma via com capacidade de transportar 20 toneladas de grãos por ano. A estrada poderá ser usada, além da Bunge, por outras empresas, como Cargill, que podem aproveitar outros portos fluviais para embarcar seus grãos rumo ao exterior.
A presidente acrescentou que, após a decisão do governo de estabelecer um novo marco regulador para os portos que aumenta a participação do setor privado, diferentes empresas já se comprometeram a investir RS 8,1 bilhões em 18 terminais. EFE
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