Vale cria comitê de notáveis para indicar conselheiros e aumentar independência


O Conselho de Administração da Vale aprovou nesta quarta-feira a criação de um Comitê de Nomeação, que terá como objetivo propor melhorias à estrutura do próprio colegiado e indicar os próximos conselheiros que serão eleitos em assembleia em abril de 2021, prevista para ser a primeira sem o acordo de acionistas. 

Vão integrar esse comitê de notáveis, que buscará aumentar a independência na escolha dos conselheiros, o ex-presidente da Petrobras e ex-ministro Pedro Parente, atualmente presidente do conselho de administração da BRF; e o presidente do conselho de administração da Embraer, Alexandre Gonçalves Silva. 

O comitê necessariamente será integrado pelo presidente do conselho da Vale, que no caso atual é José Maurício Coelho, presidente do fundo de pensão Previ, um dos principais acionistas da mineradora.

O comitê terá papel importante considerando que a partir de novembro deste ano vai ser encerrado o acordo entre os grandes acionistas da companhia, que incluem fundos Previ e Petros, como parte de um processo para deixar a empresa com capital pulverizado, melhorando a governança corporativa.

 "A tendência é que tenha uma qualidade cada vez maior dos membros do conselho, ele já evoluiu bastante e é preciso que evolua cada vez mais... acho que esse Comitê de Nomeação vai dar credibilidade e independência na escolha", disse o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, em entrevista à Reuters. 

Ele explicou que, se poderia haver qualquer preocupação do mercado sobre independência dos conselheiros indicados pelos acionistas, isso agora fica descartado. 

"Com esse Comitê de Nomeação, essa preocupação é superada... Aumenta a percepção de independência na composição do conselho, menos até na qualidade, temos um conselho bastante plural e diverso, mas é mais a questão da independência." 

A forma como serão eleitos em assembleia os novos membros do conselho da Vale, composto por 13 membros, ainda será definida, mas o fato é que a escolha será feita a partir dos indicados pelo comitê de notáveis. 

"Provavelmente vai ter mistura de conselheiros atuais com novos, é importante ter alguma continuidade, vai ter gente da área industrial, de commodities, de mineração, com perfil de governança, financeiro, com diversidades de gêneros e outras, experiência internacional, algo muito importante para uma companhia como a Vale", pontuou o executivo. 

Segundo ele, praticamente 100% das empresas sem controle definido têm um comitê de nomeação. Questionado sobre qual seria a orientação dos investimentos da empresa, com a nova regra para a formação do conselho, ele disse que a mineradora lida ainda com questões muito sensíveis, como é o processo para recuperação após o desastre de Brumadinho, além dos impactos da pandemia. E indicou não esperar mudanças bruscas. 

"Se pudesse dar uma perspectiva da administração da companhia... Essa expiração do acordo de acionistas cria uma oportunidade, mas cria uma incerteza, qual vai ser a estrutura de controle e qual direção ela vai querer dar para a companhia", comentou. 

"Por isso é que os atuais acionistas de referência, a Mitsui, o Bradesco, a Previ e o BNDES, já em 2017, quando fizeram a mudança na governança, passaram a ter menos de 50% da empresa. A preocupação foi com uma transição suave, a companhia precisa evoluir, mas é uma companhia muito grande e importante e está com questões muito sensíveis. 

A gente espera que o novo conselho possa dar novos caminhos na companhia, mas sempre com muita prudência e responsabilidade...", afirmou. A expectativa, disse o executivo, é que o novo conselho saiba "dar continuidade naquilo que vem sendo bem feito e apontar novos caminhos naquilo que precisa ser mudado". 

"A Vale não é uma empresa que se pode mudar de um lado para o outro com muita velocidade.".


Fonte: UOL

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