Fonte: Século Diário
Assim como já havia apontando levantamento do Valor Econômico em agosto último, a prestação final das contas dos candidatos das eleições deste ano confirma a movimentação do setor da mineração para eleger interlocutores que facilitem a aprovação de legislações que beneficiem o setor no Congresso Nacional.
Somente no caso do Espírito Santo, todos os deputados e a senadora eleita receberam verbas de empresas do setor da mineração ou de atividades dependentes. Entre os mais expressivos, a Vale e suas subsidiárias, além da Aracruz Celulose (Fibria).
A senadora eleita pelo Espírito Santo, Rose de Freitas (PMDB), que é integrante da comissão especial para discutir a matéria, recebeu diversas cotas de doação das empresas Copper Tranding, que pertence a seu suplente, o empresário Luiz Pastore (PMDB), e da Ibrame Indústria Brasileira de Metais S/A. As 11 doações feitas separadamente por ambas as empresas somam R$ 1,21 milhão doados pela Copper Tranding e outros R$ 1,114 milhão da Ibrame.
A soma desses valores, R$ 2,324 milhões, chega ao percentual de 46% das doações totais destinadas a Rose, que arrecadou R$ 4,97 milhões. No levantamento do Valor, Rose já aparecia com o maior volume de doações ligado às mineradoras, R$ 1,4 milhões, que representava 96% de tudo que havia arrecadado até então.
A campanha de Rose de Freitas também contou com o pontapé da Vale por meio de duas subsidiárias, a Vale Energia e a Salobo Metais, que contribuíram com R$ 300 mil e R$ 200 mil, respectivamente. A Aracruz Celulose investiu R$ 50 mil na campanha de Rose e a Sertrading, empresa de comércio exterior, outros R$ 25 mil.
A candidata eleita suplente pela coligação PT-PDT, Iriny Lopes (PT), que já era o quinto lugar no ranking dos integrantes da comissão do Código da Mineração que mais receberam doações do setor, segundo o levantamento do Valor, captou ainda mais verba das empresas interessadas na aprovação do Código da Mineração. Além dos R$ 190 mil da Construtora Andrade Gutierrez S/A e outros R$ 100 mil da Vale Rio Doce Energia S/A, recebeu R$ 95 mil da Construtora OAS, R$ 95 mil da Construtora Queiroz Galvão, R$ 47,7 mil da Coesa Engenharia e R$ 30 mil da Aracruz Celulose.
Os próximos anos serão decisivos para os interesses dos empresários da área, que esperam aprovar, principalmente, o novo Código da Mineração, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/2000, que transfere do executivo para o legislativo a palavra final sobre as terras indígenas, e o Projeto de Lei (PL) 1.610/1996, que regulamenta a mineração nos territórios indígenas demarcados.
Distribuição
Aracruz Celulose, Vale e ArcelorMittal aparecem com peso nas prestações de campanha dos deputados federais eleitos. Ao todo, foram R$ 1,11 milhão da Vale e suas subsidiárias, R$ 390 mil da Aracruz e R$ 320 mil da Arcelor. Aparecem ainda a Fertilizantes Heringer, que doou R$ 95 mil no total.
A Vale distribuiu, por meio da MBR, R$ 200 mil ao deputado Sérgio Vidigal (PDT), R$ 100 mil a Paulo Foletto (PSB) e R$ 100 mil a Givaldo Vieira (PT). A Vale Manganês apareceu na prestação de contas de Lelo Coimbra (PMDB), com o montante de R$ 100 mil, e com o mesmo montante na prestação de contas de Foletto. A Vale investiu ainda, por meio da Salobo Metais, R$ 50 mil a Max Filho (PSDB); e da Vale Energia, R$ 200 mil na campanha de Helder Salomão (PT), R$ 30 mil na de Carlos Manatto (SD), R$ 100 mil na de Givaldo e R$ 30 mil na de Marcus Vicente (PP).
A Arcelor destinou R$ 70 mil a Vidigal e montantes de R$ 50 mil a Max Filho, Foletto, Helder Salomão e Evair de Melo. A Aracruz também distribuiu cotas de R$ 50 mil a Lelo, Foletto e Givaldo; R$ 40 mil a Vidigal, Jorge Silva (Pros) e Marcus Vicente; R$ 30 mil a Max Filho, Manatto e Evair de Melo (PV). Já a Fertilizantes Heringer destinou R$ 50 mil a Evair de Melo, R$ 30 mil a Lelo, R$ 10 mil a Max Filho e R$ 5 mil a Givaldo.
Dos deputados federais eleitos pelo Espírito Santo, os campeões de arrecadação das empresas beneficiadas pelo novo código da mineração são Givaldo (R$ 315 mil), Vidigal (R$ 310 mil), Foletto (R$ 310 mil), Lelo (R$ 287 mil), Max Filho (R$ 270 mil) e Helder Salomão (R$ 250 mil). Iriny Lopes arrecadou R$ 267.5 mil de empresas do setor; Jorge Silva R$ 40 mil; Manatto R$ 60 mil; Marcus Vicente R$ 70 mil; e Evair de Melo R$ 130 mil.
Apareceram, ainda, na prestação de contas dos deputados eleitos, a empresa RDC Aços do Brasil, com R$ 10 mil para Givaldo; Cedica Central de Aço, que destinou R$ 10 mil a Foletto; Mineração Corumbaense, que doou aproximadamente R$ 107 mil a Lelo; e a empresa IBRLam, do grupo Ibrame, que destinou a Max Filho um total de R$ 130 mil, dividido em cinco cotas de R$ 20 mil e uma de R$ 30 mil.
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