Fonte: G1
A crise no setor sucroenergético provocou a demissão de mais 325 trabalhadores nos últimos quatro dias em Sertãozinho (SP). Desde janeiro, o total de dispensas nas indústrias da cidade soma 1,7 mil, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Dados do sindicato da categoria, no entanto, apontam que o número pode ser muito maior: cerca de 3,5 mil dispensas foram negociadas pela entidade em 2014. “O mercado está parado e ninguém absorve essa mão de obra”, diz o advogado Valdemir Caldana, administrador da entidade.
Caldana conta que a última demissão em massa ocorreu nesta segunda-feira (10), quando a empresa Fuzi-tec dispensou 150 funcionários e ainda ameaça encerrar as atividades por falta de serviços. Especializada na fabricação de caldeiras, a metalúrgica está há 24 anos no setor e tem como principais clientes 21 usinas de açúcar e etanol e outras 30 empresas, entre destilarias e caldeirarias. Procurados pelo G1, os responsáveis pela Fuzi-tec não se manifestaram sobre as demissões até a publicação da matéria.
O diretor do sindicato esclarece, porém, que a decisão pela dispensa é uma consequência da baixa procura pelos serviços de metalurgia - fabricantes de equipamentos para usinas, essas empresas são as que mais têm sentido os efeitos da crise. “Ninguém está fechando contratos. Novembro é um mês em que deveriam começar a trabalhar com novos contratos assinados e isso não está acontecendo", explica Caldana.
Em nota, o Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise-Br) também justifica que as metalúrgicas vêm sofrendo com ociosidade de 60% da mão de obra há alguns meses, mas apostava na retomada de investimentos para evitar as dispensas. "Como essa retomada não ocorreu da forma como se esperava, as empresas estão se adequando conforme a demanda."
O Ceise-Br informa ainda que não pode interferir nas decisões administrativas de qualquer empresa, mas tem buscado alternativas junto aos governos estadual e federal, para a retomada do desenvolvimento econômico e sustentável do setor.
Crise generalizada
Sem empregos nas indústrias, os trabalhadores enfrentam dificuldades para se recolocarem no mercado, já que setores como comércio, serviços e construção civil também estão sendo afetados pela crise. Caldana explica que o endividamento das famílias tem reduzido as vendas e provocado saldo negativo na geração de empregos.
“A cidade toda vive da indústria metalúrgica, então ninguém consegue absorver essa mão de obra”, diz o administrador do sindicato, destacando que não há perspectiva de recuperação, nem mesmo no próximo ano. “De tempos em tempos, todos os setores passam por desaquecimento, isso é natural. Mas, o setor sucroenergético foi muito surrado e está encolhendo muito rápido. As previsões são pessimistas, de encerramento de atividades em mais empresas."
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