Presidenta afirmou que reajuste de 6,5% não cabe no Orçamento, mas não excluiu a possibilidade de diálogo: 'Se não quiserem os 4,5%, vamos ter de abrir um processo de discussão novamente'
Dirigentes das centrais sindicais consideram a correção de 4,5% na tabela do Imposto de Renda de Pessoa Física, anunciada sexta-feira (dia 20), pela presidenta Dilma Rousseff, insuficiente para corrigir os efeitos da inflação. “Não é o bastante para corrigir as distorções que a gente vem acumulando. Os 4,5% não corrigem, e acho que ela poderia aproveitar o momento para fazer uma redistribuição de faixas, aumentar o valor a ser corrigido”, afirma o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP, filiada à CUT), José Maria Rangel.
“O reajuste não deixa de ser positivo, porque acaba beneficiando milhões de trabalhadores que, por terem tido aumento e reajustes de salário, acabavam entrando na tabela”, diz o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna. “Ela cumpre o que tinha dito, mas de que qualquer maneira não atinge a inflação, 4,5% é bem diferente do que se fosse pela inflação”, acrescenta.
Para o presidente da UGT, Ricardo Patah, o índice é “muito ruim”. “Nós estávamos aguardando o que foi perdido para a inflação, que foi 6,5%. O compromisso é o que nós perdemos, então há um equívoco. Vamos continuar lutando por alterações”, garantiu o dirigente. Segundo Patah, Dilma já havia dito que o reajuste seria esse, portanto não há novidade no anúncio. “Para nós não é nem surpresa, nem decepção. Mas é uma situação incômoda.”
Dilma confirmou hoje, na primeira entrevista de seu segundo mandato, que o governo enviará novamente ao Congresso medida provisória com correção de 4,5% e afirmou que este era o índice com o qual havia se comprometido. “Eu tenho um compromisso e vou cumprir meu compromisso, que é 4,5%. Não estamos vetando porque queremos, estamos vetando porque não cabe no Orçamento público. É assim”, explicou a presidenta. Em janeiro, ela vetou o reajuste de 6,5%, votado no Congresso.
Mas Dilma não negou a possibilidade de reabrir negociações. “Eu já mandei (a proposta de 4,5%) por duas vezes, vou chegar à terceira vez. Meu compromisso é 4,5%. Se, por algum motivo, não quiserem os 4,5%, nós vamos ter de abrir um processo de discussão novamente.”
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