Fonte: Globo Rural
O mercado de fertilizantes deve perder ritmo neste ano. A avaliação foi feira nesta terça-feira (10/2) pela Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo). A entidade representa os fabricantes dos chamados fertilizantes especiais, como adubos foliares, orgânicos e organominerais.
Em seu próprio segmento, a Abisolo projeta um crescimento em torno de 6% a 8%, menor do que o estimado para 2014 (+9,37%), quando a receita foi de R$ 3,5 bilhões, segundo dado preliminar também divulgado nesta terça-feira. A perspectiva ainda é bem inferior ao crescimento médio do setor, calculado em 12% anuais. “Mesmo em um cenário de preços mais baixos, o Brasil continuará a plantar, mas a tendência é de menor investimento”, disse o diretor de Relações Institucionais Thomas Altmann.
Entre os motivos, está a crise hídrica, que deve ter, em princípio, um efeito indireto, de acordo com a direção da entidade, à medida que influencia a expectativa de produção e a decisão sobre o uso de tecnologia no campo. “A tendência é a produtividade cair e os investimentos em insumos também, mas, na indústria, o impacto da falta de água e menor”, afirmou o diretor Técnico Gean Matias.
O que preocupa mais, segundo ele, é o aumento da energia, que pressiona diretamente os custos. “Principalmente nos fertilizantes sólidos, o impacto maior é o da energia. O custo de produção é maior e é repassado para o cliente no produto final”, acrescentou Matias. Segundo ele, o adubo especial já custa de 30% a 40% a mais que os tradicionais, geralmente à base do composto NPK.
No entanto, a mesma deficiência energética que pressiona de um lado, pode ser benéfica de outro, pondera Thomas Altmann. De acordo com o diretor da Abisolo, o problema traz um sinal positivo para a de cana-de-açúcar, por causa da eletricidade a partir da biomassa. “Para ocupar esse espaço tem que produzir mais e usar mais fertilizante.”
"Economia nebulosa"
A atual situação da economia também não fica de fora da lista de preocupações dos diretores da Abisolo. “O cenário econômico ainda é nebuloso, o político também”, disse o presidente da entidade, Clorialdo Roberto Levrero. “O preço das commodities interfere na rentabilidade do setor e também estamos sujeitos ao dólar”, lembrou.
Na avaliação dele, a necessidade de ajuste das contas públicas no Brasil deve minar uma das principais reivindicações do setor: desonerações, entre elas a isenção de PIS/Cofins para micronuutrientes, como ferro, boro e cloro. “Se já estava difícil antes, este ano ficou mais difícil ainda”, reconheceu Levrero.
Por outro lado, outros assuntos devem ganhar força na agenda da Abisolo para este ano. Uma delas é a unificação das metodologias de controle de qualidade dos fertilizantes. Levrero argumentou que “os procedimentos atuais não conseguem mensurar o potencial e a qualidade dos produtos porque não há uma metodologia adequada”.
A indústria reivindica também a regulamentação dos biofertilizantes, não contemplados pela legislação brasileira. Cobra ainda a publicação de normas relacionadas à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), especialmente em seu uso na agricultura.
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