A queda no nível de emprego da indústria química


 Sergio Luiz Leite, Presidente da FEQUIMFAR

Conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego (CAGED-MTE) mostram-se preocupantes, especialmente no estado de São Paulo, os resultados da movimentação de trabalhadores no mês de novembro na indústria química, que engloba os setores sucroalcooleiro, químico, fertilizantes, cosméticos, farmacêutico, plástico e brinquedos. No acumulado de janeiro a novembro de 2014 o setor como um todo apresenta um expressivo saldo negativo, com o fechamento de 1.133 postos de trabalho no Brasil e de 6.600 em São Paulo.
O setor sucroalcooleiro se destaca neste processo de encerramento de postos de trabalho ao longo do ano, tendo encerrado até novembro 11.674 postos de trabalho no Brasil e 6.981 em São Paulo. Este processo deve encontrar explicação em diversos fatores, tais como, a dinâmica de mecanização e automatização da produção ocorrida ao longo das últimas décadas e que se expande a outras regiões do país, pelas dificuldades climatológicas enfrentadas pelas safras do último biênio, pelo processo de concentração produtiva do segmento pela via de fusões e aquisições, bem como pelas altas taxas de rotatividade de mão-de-obra – que em 2013 foram de 48% no Brasil e de 40% em São Paulo.
Ainda que o setor sucroalcooleiro seja caracterizado por uma série de especificidades, a situação dos demais segmentos da indústria química também se mostra preocupante ao final de 2014, principalmente tendo em vista seu histórico potencial de geração de empregos. Até novembro o saldo de movimentação de trabalhadores na indústria química no Brasil apresentou-se positivo em todos os setores, com exceção – como visto – do segmento sucroalcooleiro. Entretanto, o estado de São Paulo demonstra um significativo saldo negativo, com encerramento de 2.078 postos de trabalho no setor plástico e de 17 postos no setor de cosméticos. Os setores químicos, fertilizantes, farmacêuticos e brinquedos, apresentam um ligeiro saldo positivo, bastante inferior aos anos anteriores.
Caso esta tendência se confirme no mês de dezembro, será a primeira vez na última década que a indústria química paulista reduzirá seu número total de trabalhadores formais. De acordo com o DIEESE, em 2013 havia um total de 501 mil trabalhadores formais na indústria química do estado de São Paulo, atualmente estima-se um estoque de 494 mil trabalhadores formais, dados que evidenciam tanto a dimensão do setor e seu potencial de geração de empregos, como a preocupante queda no nível de emprego.

Alguns desafios para 2015 já estão colocados para o movimento sindical diante da conjuntura atual. Para além das políticas de industrialização em âmbito nacional, merecem especial atenção às políticas de desenvolvimento industrial a serem implementadas na esfera estadual. Faz-se fundamental a atuação do governo estadual com medidas de proteção ao emprego através do fortalecimento da indústria, sem que se menosprezem as devidas contrapartidas aos trabalhadores. Ainda que a manutenção do nível de emprego seja a principal política norteadora, o movimento sindical não pode ficar sujeito a esta contrapartida única. Políticas estaduais de benefício ao empresariado industrial, como por exemplo, desonerações tributárias e subsídios financeiros, devem ser ao menos acompanhadas pela redução das taxas de rotatividade, dos acidentes de trabalho, das jornadas de trabalho e por políticas de qualificação profissional adequadas as peculiaridades regionais.

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