Fonte: Jornal O Povo
Atrasos nos pagamentos por parte do Consórcio UFN-III, composto por empresas que trabalham na construção da Unidade deFertilizantes Nitrogenados (UFN-III), da Petrobras, em Três Lagoas, estão impactando a finanças de muitos pequenos e médios empresários locais.
A crise afeta principalmente os pequenos, cujas reservas de recursos são menores. Segundo levantamento preliminar feito pelo Jornal do Povo, a situação atinge a pelo menos oito empresas do município que fornecem produtos ou serviços para a construção da unidade.
Um dos empresários, que pediu para ter a identidade e o nome da empresa preservados, informou que a empresa dele, de médio porte, está sem receber desde outubro do ano passado. A dívida é de aproximadamente R$ 350 mil a receber, valor que tem comprometido a vida financeira do empreendimento. “Está difícil conseguir honrar os nossos compromissos com essa situação, que se arrasta desde outubro do ano passado. É um valor alto para a gente. E há empresários em situação ainda mais crítica. Alguns ao ponto de ter que fechar [as portas] e outros com pagamentos milionários a receber”, disse. O pedido para não publicar o nome deve-se ao receio de que as negociações com a empresa sejam prejudicadas. “A Petrobras está em crise e não está repassando o dinheiro”, disparou.
A mesma dificuldade também tem sido enfrentada por outro empresário de Três Lagoas, que, assim como o primeiro, aceitou conversar com a reportagem desde que a identidade da empresa fosse preservada. No caso dele, a dívida é ainda maior, mais de R$ 550 mil e se arrasta desde novembro do ano passado. “Como eles [Consórcio UFN-3] não estavam conseguindo honrar seus compromissos. Eles mesmos suspenderam as negociações”, informou.
Mesmo assim, o atraso no pagamento, informou, gerou um efeito dominó. Sem recursos, o empresário teve de elencar prioridades e atrasar o pagamento a alguns fornecedores.
“Consegui manter alguns pagamentos em dia, mas outros tive que atrasar”, completou.Ainda segundo o empresário, o Consórcio UFN-3 sinalizou uma tentativa de quitar, parcialmente, o débito dentro das próximas semanas.
Os dois empresários informaram que a dificuldade do Consórcio UFN-3 em honrar os compromissos estaria relacionada ao não pagamento por parte da Petrobras. Este também seria o motivo para a paralisação da obra de reforma e ampliação do quartel do Corpo de Bombeiros, que iniciaram em agosto do ano passado e pararam no início de janeiro. A obra é orçada em pouco mais de R$ 900 mil, recursos mitigatórios da Petrobras por conta da construção da fábrica de fertilizantes.
A reportagem tentou entrar em contato com outras empresas de Três Lagoas que estariam no rolde empreendimentos com débitos a receber do consórcio. Uma delas, de transportes, informou que seria antiético comentar as negociações com a UFN-III. Já outra informou que não poderia comentar o assunto e a terceira, em um primeiro momento hesitou, mas em seguida negou que houvesse qualquer tipo atrasos por parte do consórcio.
O CONSÓRCIO
Questionado sobre o possível atraso por parte da estatal em repassar recursos para o Consórcio, o diretor-administrativo do Consórcio UFN 3, Luiz Carlos Neuenschanber, esclareceu, em um breve contato por telefone, já que ele estava em viagem, que as ações estão dentro do previsto e ‘que não há nada que impacte o andamento da obra’.
A reportagem do JP, a pedido do diretor, também entrou em contato com a assessoria de imprensa do Consórcio UFN-3. Mas foi informada que precisaria levar o caso ao conhecimento do núcleo de assessoria da estatal antes de qualquer pronunciamento.
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