Fonte: Valor
Com o forte crescimento no país nos últimos anos, o mercado de fertilizantes especiais passa por um processo de consolidação. De olho no potencial do segmento, empresas estrangeiras têm tentado fechar aquisições ou parcerias com companhias brasileiras - que, por sua vez, também se reorganizam para encarar uma concorrência mais acirrada.
Nos últimos cinco anos, 17 empresas estrangeiras de fertilizantes especiais estabeleceram operações no país, estima Franco Borsari, diretor da consultoria BBAgro Global. Flávio Hirata, da AllierBrasil Consulting, diz que apenas no ano passado sete empresas de fora procuraram a consultoria em busca de informações para adquirir companhias brasileiras do ramo. Até agora nenhuma dessas prospecções vingou, mas não deixa de ser outro termômetro de que a área está agitada.
Entre os negócios fechados em 2013 está a aquisição, por R$ 60 milhões, do controle acionário da Aminoagro, da área de fertilizantes foliares, pelo Aqua Capital, fundo de private equity com foco nos setores de agronegócios e alimentos. Já no último trimestre
do ano passado, a norueguesa Agrinos instalou uma subsidiária no Brasil, que passou a fazer parte do foco da companhia junto com EUA e Índia. Nas Américas, a empresa está também no México. A Agrinos foi fundada em 2009. Dois anos depois, concluiu o processo de aquisição da Bioderpac, empresa familiar mexicana, bem como suas operações de distribuição no México e na Colômbia. Até janeiro, o conselho da companhia era presidido por Thorleif Enger, ex-CEO da também norueguesa Yara International, um dos maiores grupos de fertilizantes do mundo.
Com faturamento de US$ 37,7 milhões em 2012, a Agrinos tem ações registradas no sistema "over-the-counter" da Noruega, supervisionado pela associação norueguesa de entidades bancárias. No Brasil, a empresa obteve registro para a comercialização de fertilizantes orgânicos, mas em outros países tem autorização para vender também
bioestimulantes - produtos que ajudam a planta a aproveitar melhor os fertilizantes e a enfrentar calor e seca.
João Moraes, diretor de vendas e tecnologia da Agrinos do Brasil, não descarta a construção de uma fábrica no país, mas, por enquanto, os produtos virão do México, principal mercado da empresa.
Outra companhia que aposta no mercado brasileiro é a italiana Valagro, que mantém no país, já há 15 anos, uma subsidiária. A companhia pretende colocar em operação, em dois
anos, sua primeira fábrica no Brasil, em Pirassununga (SP), segundo Fernando Sousa, gerente de marketing e culturas para a América do Sul. Os aportes na nova unidade, a primeira fora da Europa, poderão chegar a cerca de R$ 35 milhões.
Além de micronutrientes e agentes complexantes, a Valagro comercializa bioestimulantes extraídos de algas. A companhia não revelou seu faturamento.
Entre os movimentos nacionais, destaca-se o da paranaense Minorgan, empresa familiar fundada em 1998 que fez em 2013 uma parceria com a também brasileira SuperBAC, focada em micro-organismos e biotecnologia com aplicações nos mercados do agronegócio, energia, saneamento, varejo e ambiente. Pelo acordo, a SuperBAC poderá
adquirir o controle da Minorgan em 2016.
Segundo Márcio Henrique Salvalagio, responsável técnico da Minorgan, o negócio foi interessante pelo fato de adicionar tecnologia e produtos diferenciados ao portfólio da empresa, voltada a fertilizantes organominerais e orgânicos. Os novos produtos, destinados sobretudo às culturas de soja e milho, poderão estar disponíveis já para o plantio da soja da safra 2014/15.
Com duas unidades industriais em Mandaguari (PR), o faturamento da Minorgan este ano deverá totalizar entre R$ 95 milhões e R$ 100 milhões, ante R$ 78 milhões em 2013.
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