Dólar sobe e Bolsa cai após agência colocar nota do país em observação

O mercado financeiro repercute nesta quinta-feira (10) a decisão da agência de classificação de risco Moody's de colocar a nota de crédito do Brasil em observação para possível rebaixamento.
Os investidores já esperam que o país perca o selo de bom pagador concedido por outra agência de risco além da Standard & Poor's, que retirou o grau de investimento do Brasil neste ano, por isso o impacto da notícia é limitado.
A expectativa foi corroborada recentemente com o aval do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. A crise política tem atrapalhado a aprovação de medidas fiscais consideradas essenciais para que o país consiga reequilibrar as contas públicas.
Às 12h45 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 1,16%, para R$ 3,771 na venda. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, subia 0,85%, para R$ 3,773. Ambas as cotações registraram máximas na casa de R$ 3,78 nesta sessão.
Entre as 24 principais moedas emergentes do mundo, o dólar subia contra 15 -o real era a terceira que mais perdia força contra a divisa dos Estados Unidos, atrás apenas do rand sul-africano e do leu romeno.
Por ora, a nota de crédito do Brasil na Moody's permanece "Baa3", último degrau entre os ratings de "bons pagadores", segundo a escala da agência. A Moody's vai decidir se mantém esta avaliação ou se reduz a nota para grau especulativo em até três meses.
Um corte deixaria o país com grau especulativo em duas das três mais importantes agências de risco do mundo, o que forçaria grandes fundos a retirar investimentos alocados em ativos brasileiros. A saída de moeda estrangeira do Brasil encareceria ainda mais o dólar.
O governo teme que outra agência, a Fitch, também retire o selo de bom pagador concedido por ela ao país. A Fitch colocou a nota brasileira a um passo da perda do grau de investimento (perspectiva negativa) em outubro.
LEILÕES
O Banco Central do Brasil venderá nesta tarde US$ 500 milhões com compromisso de recompra em 2016.
Leilões deste tipo fazem parte da estratégia do BC de fornecer recursos para a demanda sazonal de fim de ano, quando aumenta o valor enviado ao exterior para pagamento de dívidas e remessas de lucros, por exemplo. O reforço de liquidez também reduz a pressão sobre a cotação da moeda americana.
A autoridade ainda deu continuidade nesta sessão aos seus leilões diários de swaps cambiais para estender os vencimentos de contratos que estão previstos para o mês que vem. A operação, que equivale a uma venda futura de dólares, movimentou US$ 549,5 milhões.
No mercado de juros futuros da BM&FBovespa, o DI para janeiro de 2016 caía de 14,160% a 14,150%. Já o DI para outubro de 2020 cedia de 14,240% para 14,230%, e o contrato para janeiro de 2021 apontava taxa de 15,780%, ante 15,680% na sessão anterior.
BOLSA EM BAIXA
O principal índice da Bolsa brasileira opera em queda nesta quinta-feira. O Ibovespa chegou a abrir em alta, mas inverteu a tendência ainda nos primeiros minutos de negociações nesta sessão. Às 12h45, tinha desvalorização de 1,09%, a 45.603 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 1,8 bilhão.
A queda das ações da Petrobras ajudava a empurrar o índice para baixo. Na véspera, a agência Moody's rebaixou a nota de crédito da companhia pela terceira vez neste ano. Os papéis preferenciais da estatal, mais negociado e sem direito a voto, caíam 2,61%, para R$ 7,45 cada um. Os ordinários, com direito a voto, tinham baixa de 1,16%, a R$ 9,35.
Os bancos também operavam no vermelho, e ajudavam a sustentar a perda do Ibovespa. Este é o setor com maior participação dentro do índice. O Itaú cedia 0,62%, para R$ 28,79, enquanto o Bradesco mostrava desvalorização de 1,91%, para R$ 21,53. O Banco do Brasil recuava 2,92%, a R$ 18,25.
BTG
Fora do Ibovespa, as units do BTG Pactual caíam 7,03% às 12h45, para R$ 12,29. As ações da rede de drogarias Brasil Pharma, cujo maior acionista é o BTG Pactual, tombavam 13,37%, para R$ 5,25 cada uma.
Desde o dia 25 de novembro, quando o ex-presidente do BTG André Esteves foi preso no âmbito da Operação Lava Jato da Polícia Federal, as units do banco já perderam 60,15% de seu valor. Os papéis da Brasil Pharma cederam 73,03% desde então.
As ações da BR Properties caíam 0,84%, para R$ 8,22 cada uma. Em leilão intermediado pela corretora do BTG Pactual nesta sessão, um acionista da empresa se desfez de 19,78% do capital social da companhia.
Fonte: O Tempo

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