Usinas de álcool enfrentam dificuldades financeiras


Fonte: Brasil Agro

Só neste ano, sete empresas, duas delas em Minas, entraram com pedido de recuperação judicial.

No primeiro semestre deste ano, sete empresas do setor sucroenergético no país pediram recuperação judicial, conforme levantamento feito pela consultoria MBF. “E diante do cenário complicado vivido pelo setor, a previsão é que a lista possa aumentar ainda mais”, observa o diretor da MBF Agribusiness Assessoria Empresarial, Marcos Françóia.
Das sete usinas, a maior parte é de São Paulo, o maior produtor do país com cinco. As outras duas são de Minas Gerais. Conforme dados da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), o Estado perdeu, nos últimos cinco anos, com o encerramento das atividades de oito usinas, em torno de 8.000 postos de trabalho diretos.
Desde o primeiro pedido de recuperação de uma usina, em 2008, feito pela Cia. Albertina, até agora, os pedidos de recuperação somaram 67, sendo a maioria, 38, da região Sudeste.
O recorde de solicitações foi em 2009, ano marcado pela crise internacional, com 18 usinas. “A situação para o segmento vem piorando ano após ano”, frisou.
De acordo com o levantamento, estima-se que o setor tem uma dívida em torno de R$ 60 bilhões, valor que equivale a cerca de R$ 100 por tonelada de cana processada.
O valor de R$ 100 de dívida por tonelada é muito próximo do faturamento de uma safra das usinas. A partir daí, a situação fica mais complicada.
O estudo mostrou que existe uma concentração no nível de R$ 150 a R$ 300 de dívida por tonelada de cana, onde estão 60,34% das empresas que ingressaram com a recuperação judicial. Na faixa de R$ 100 de dívida por tonelada de cana, também há uma concentração, mas esse patamar de dívida ainda é administrável.
Safra pior
E a revisão da moagem de cana pela União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), em conjunto com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), demais sindicatos e associações do setor sucroenergético, para a safra 2014/2015 na região Centro-Sul do país, confirma o momento complicado do setor na avaliação de Françóia. “Já era esperada a revisão da safra”, ressalta.
Agora, a projeção indica uma moagem de 545,89 milhões de toneladas, queda de 5,88% em relação à estimativa inicial (580 milhões de toneladas) e redução de 8,57% sobre o valor final da safra 2013/2014 (597,06 milhões de toneladas).
Para o diretor da consultoria MBF, a queda pode ser ainda maior que as perspectivas da Unica.
E a culpa da redução da moagem é do clima, conforme dados apurados pelo CTC junto às unidades produtoras. Eles mostram que importantes áreas canavieiras localizadas nos Estados de São Paulo e Minas Gerais apresentaram chuvas muito abaixo da média histórica.
Fatia

Minas Gerais representa 9% da produção de cana-de-açúcar do país. No Estado, a moagem da atual safra deve ser, em média, 3% menor que a anterior, conforme a Siamig (O Tempo)

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