O projeto da Yara de aumento de capacidade da sua planta em Rio Grande, estimado em R$ 2 bilhões e que já sofreu mudança de cronograma no passado, mesmo com a pandemia do coronavírus não deverá ser postergado novamente.
Conforme Lair Hanzen, que está deixando o cargo de presidente da Yara Brasil para assumir a liderança do grupo na região das Américas - que abrange as operações do Brasil, da América Latina e da América do Norte -, a conclusão do empreendimento deverá ocorrer "na virada deste ano".
A empresa está aumentando a capacidade de produção de fertilizantes no complexo rio-grandino de 650 mil toneladas ao ano para 1,2 milhão de toneladas anuais, e o potencial de mistura passará de 1,5 milhão de toneladas para 2,6 milhões de toneladas. Além disso, a unidade incrementará a sua armazenagem.
A companhia produz, em Rio Grande, basicamente, dois fertilizantes: o superfosfato simples (SFS) e o YaraBasa. Hanzen afirma que o aprimoramento fará com que o complexo se torne o maior e mais moderno parque de fertilizantes da América Latina.
O executivo informa que o desenvolvimento do projeto foi interrompido no começo da pandemia, porém logo em seguida foi retomado. Ele enfatiza que o coronavírus não muda os planos de longo prazo do grupo. Hanzen destaca que, desde 2012, a companhia está implementando um forte programa de investimentos no País, na produção e na distribuição de fertilizantes, que chegam na ordem de R$ 15 bilhões (no câmbio atual).
Sobre esses aportes, Hanzen detalha que R$ 3,5 bilhões foram empregados na compra da Bunge Fertilizantes, mais R$ 2 bilhões foram destinados à aquisição de participação na Galvani e foi absorvido mais R$ 1,5 bilhão por outros ativos do segmento de fertilizantes. Além dessas movimentações, a Yara fez uma série de investimentos em construção de unidades ou ampliações, sendo esses complexos localizados em cidades como Porto Alegre, Sumaré (SP) e Rondonópolis (MT), que totalizam, aproximadamente, R$ 1 bilhão.
Soma-se a esse conjunto de empreendimentos outros dois grandes projetos em construção, o de Rio Grande (R$ 2 bilhões) e de Serra do Salitre (MG), iniciativa integrada que prevê desde a mineração do fosfato à conversão em fertilizante e que está orçada em R$ 5 bilhões.
Sobre o reflexo do coronavírus no mercado do agronegócio nacional, Hanzen lembra que o setor foi declarado como essencial pelo governo, por ser da cadeia de alimentos. "E nisso os fertilizantes têm um papel fundamental", frisa.
A respeito do mercado gaúcho, o dirigente recorda que o Estado sofre com a seca que enfrenta neste ano, resultando em quedas nas culturas de soja e milho. Futuramente, avalia o executivo, o produtor precisará investir em tecnologia para recuperar o prejuízo. "A grande questão é se ele consegue investir mais, acho que essa é a principal pergunta para o Rio Grande do Sul", ressalta.
Quanto à reorganização que está sendo feita pela Yara, Hanzen destaca que a empresa, fundada em 1905, tradicionalmente, era separada em segmentos: produção, distribuição e outras funções. A partir de agora, a organização passa a ser feita por regiões. Ele explica que o objetivo dessa mudança é empoderar as operações locais, com mais autonomia.
Dentro desse novo contexto, Hanzen assume como presidente da regional Américas e também ocupará o cargo de presidente do conselho de administração da Yara Brasil. Quem fica como presidente da Yara Brasil é o norueguês Olaf Hektoen, que está há mais de 20 anos na companhia e vive no País há um ano e meio, conduzindo a área de estratégia e projetos de transformação da empresa.
O faturamento global da Yara, no ano passado, foi de cerca de US$ 13 bilhões, sendo que as unidades das Américas tiveram um resultado um pouco superior a US$ 6 bilhões.
Fonte: Jornal Comércio
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