Até agora já são 103 trabalhadores da mineração contaminados e um morto por Covid em Sergipe
Em plena pandemia do Coronavírus, cerca de mil empregados e terceirizados da Mosaic (antiga Vale) em Sergipe continuam trabalhando confinados na mina e arriscando suas vidas diariamente. Na última semana, o trabalhador Tiago Maynard chegou a óbito por Covid-19, atualmente 1 trabalhador está internado em estado grave e já são 103 casos confirmados de trabalhadores da Mosaic contaminados em Sergipe, além dos 25 suspeitos.
Diante desta realidade, na segunda-feira (15/6), o SINDIMINA (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Extração de Minerais), filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE), denunciou a empresa ao Ministério Público do Trabalho (MPT) devido à falta de proteção necessária aos trabalhadores.
Nilton Correia é um dos trabalhadores contaminados por Covid-19 que começou a passar mal durante a jornada de trabalho no dia 26 de maio. Após o exame realizado na própria empresa, ele testou positivo para Covid e já está afastado há 25 dias. Neste período, Nilton apresentou febre por cinco dias seguidos, corpo dolorido e muita tosse. Ele explicou que seu retorno ao trabalho ainda não aconteceu porque o segundo exame feito resultou positivo e neste momento ele aguarda o resultado de um terceiro exame para retornar.
“A Mosaic organizou rodízio para os trabalhadores do setor administrativo, mas nós que atuamos na mina trabalhamos confinados, respirando o mesmo ar e pegando na mesma ferramenta. No elevador, no refeitório e no vestiário, os trabalhadores também ficam confinados, por isso a contaminação está elevadíssima. A empresa não aceitou parar nem sequer reduzir a produção e quem está pagando com a saúde e até com a vida somos nós. Estamos indo trabalhar todos os dias com medo”, revelou Nilton Correia.
Na mina, o trabalho é realizado em equipes de 4 a 5 pessoas e todos os demais colegas da equipe de Nilton Correia adoeceram, entre eles, o Tiago Maynard que faleceu por Covid.Com 16 anos de empresa, o trabalhador Mário Vasconselos – que contraiu Covid e sobreviveu à UTI – ficou indignado com a falta de assistência aos trabalhadores adoecidos, à família do trabalhador que faleceu, assim como a insensibilidade da empresa que não tomou nenhuma medida eficaz para conter a contaminação que cresce a cada dia na empresa.
Mário Vasconselos relatou que o médico do trabalho da empresa definiu que após 22 dias de isolamento, ele estava apto para voltar a trabalhar na mina. “Voltar a trabalhar na mina, a mais de 500m abaixo da superfície, significa trabalhar exposto à poeira e todo o desgaste físico que o trabalho na mina exige. Fiquei 6 dias na UTI, minha saúde ainda está convalescente. Graças ao sindicato, ao TRT e ao meu pneumologista, eu consegui mais 7 dias para me recuperar, pois contraí pneumonia viral”, desabafou.
O dirigente do SINDIMINA, Álvaro Alves, espera que a situação mude com urgência após a denúncia feita pelo sindicato ao Ministério Público do Trabalho. “As medidas de proteção tomadas não estão sendo suficientes. A contaminação crescente é prova disto. Não adianta usar máscara e álcool gel ou até reduzir o número de pessoas no elevador que antes levava 13 pessoas e agora leva 8 de cada vez. O amontoado de trabalhadores na mina continua existindo e precisamos de uma solução urgente em defesa da vida e da saúde dos trabalhadores. O número de contaminação é alto e ainda acreditamos que mais trabalhadores assintomáticos devem ter Covid”, ressaltou.
A necessidade da realização de testes de Covid-19 em todos os trabalhadores que atuam na mina foi outro ponto levantado tanto pelo sindicato como pelos trabalhadores da Mosaic entrevistados
Fonte: Faxaju notícias
0 comentários:
Postar um comentário