O projeto S11D da
Vale está
movimentando a área de
engenharia de minas no Brasil. Com expectativa de
começar a produção de minério de ferro no segundo semestre, a empresa está
recrutando centenas de engenheiros e técnicos especializados para trabalhar em
Canaã dos Carajás, no interior do Pará.
No início do mês passado, a empresa já havia aberto
180
oportunidades profissionais para este que é o maior projeto de mineração
de ferro da sua história. Todas já foram preenchidas ou mapeadas. Agora, a Vale
se prepara para contratar mais 210 profissionais de engenharia e técnicos e
outros 210 profissionais de nível médio, até o fim deste ano. Interessados
devem ficar de olho no
site da Vale.
Entre as vagas especializadas há para engenheiros na área
de manutenção, operação e planejamento, supervisores de manutenção e técnicos
de automação, manutenção, elétrica, de minas e geologia. Há ainda uma
oportunidade para médico do trabalho. Todos os cargos, segundo a Vale, são para
profissionais com experiência em mineração.
Perfil
dos profissionais que a Vale quer
“Engenharias de minas,
mecânica e elétrica são as que concentram o maior número de perfis
profissionais que buscamos especificamente para o S11D, ainda que a Vale também
precise de engenheiros de produção e, em alguns de seus negócios, haja também
necessidade de engenheiros civis”, diz Vera Martins, gerente de recursos
humanos para o Sistema Norte da Vale.
Para os engenheiros, há
oportunidades de nível pleno que exigem pelo menos três anos de experiência em
mineração ou áreas similares - como a siderurgia por exemplo - e de nível
sênior, cuja vivência prévia na área precisa ser superior a cinco anos.
Os cargos de supervisão podem
exigir ou não formação superior, dependendo da área. No caso do supervisor de
manutenção corretiva e preventiva, segundo Vera, o diploma superior não é
mandatório. “É uma carreira técnica”, diz. Para os profissionais técnicos
especializados não há exigência de diploma universitário, bastando a formação
técnica na área de atuação e a experiência profissional.
O processo de recrutamento tem
sido um desafio, segundo a gerente de RH. “Recebo muitos
currículos, mas,
é fato, que não há muitos profissionais formados na área de mineração, tanto
engenheiros quanto técnicos”, diz ela.
Candidatos que demonstram,
além de suas realizações, foco em questões de saúde, segurança e meio ambiente
são os que se destacam. “Buscamos profissionais com percepção de risco bastante
aguçada porque isso é um valor para a Vale”, diz Vera. Comportamento
colaborativo e interesse por inovação também são aspectos importantes
analisados durante a seleção.
“O grande atrativo é a
oportunidade de participar de um projeto que fará história não só no Brasil
como no mundo”, diz Vera. É que o S11D traz aspectos inéditos para a mineração
de ferro mundial como o uso de correias transportadoras de minério de ferro da
mina para a usina, em vez de caminhões. “ É a primeira vez que isso é feito em
mineração de ferro, o exemplo que temos no mundo é com carvão”, diz Vera.
O processamento do ferro
também traz uma inovação essencial ao meio ambiente: é feito a partir de
umidade natural e não com o uso de água. Ou seja, não há barragem e, portanto,
não há risco de desastre das proporções do causado pela Samarco - mineradora
controlada por joint-venture entre a Vale e a BHP Billiton - em Mariana (MG).
“Para
mim, é um projeto de vida”, diz supervisor da Vale que já trabalha no S11D
Os salários , de acordo com a
Vale, são compatíveis com a remuneração praticada por empresas de grande porte
e, no caso, dos engenheiros está dentro do estabelecido pelo CREA (Conselho
Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia). Mas a oportunidade de
desenvolvimento de carreira fala mais alto, segundo um funcionário do S11D que
conversou com EXAME.com.
“Quando recebi o convite para
participar da seleção, não pensei duas vezes. Mais do que um desafio
profissional, para mim é um projeto de vida”, diz o supervisor de manutenção
corretiva do S11D, Gutemberg Araújo. De acordo com ele, o tamanho do projeto impressiona.
“Quando eu cheguei, me senti uma criança em um parque de diversões gigante por
conta do tamanho dos equipamentos”, diz.
Com formação técnica em
mecânica e diploma superior em administração de empresas, Gutemberg veio de
Minas Gerais e pretende fincar os pés de vez no Pará. “A cidade me acolheu
muito bem”, diz ele que voltou para a Vale, depois de uma passagem pela Anglo
American para trabalhar em Conceição do Mato Dentro (MG) na construção do maior
mineroduto do mundo, o Minas-Rio.
Gostar de morar em uma cidade
pequena, aliás é um dos pontos que Vera Martins, do RH da Vale, cita como
essenciais para interessados em fazer parte da equipe do S11D. “Geralmente quem
é da área de mineração já está acostumado a morar em regiões mais remotas, mas
não custa reforçar. Não adianta ficar pensando em cidade grande”, diz. Canaã
dos Carajás tem pouco mais de 30 mil habitantes.
O processo seletivo, segundo
Araújo, foi longo, de novembro de 2014 a maio de 2015. “Disputei a vaga com
candidatos que tinham perfil parecido”, diz Gutemberg. Em sua carreira, ele
reúne 18 anos de experiência no trabalho com correias transportadoras,
justamente uma das inovações do S11D.
Encontrar pessoas de todos os
cantos do Brasil e conviver com funcionários da Vale com experiência em projetos
da empresa em Moçambique, por exemplo, tem sido enriquecedor, segundo
Gutemberg. “Convivo com gente de todo o país, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia,
Rio Grande do Norte, e essas pessoas me passam lições de vida”, diz Gutemberg.
Sua dica aos interessados em
trabalhar no S11D? “Venham, mas que venham de corpo e alma, não adianta vir só
de corpo e deixar a alma na cidade de origem”, diz ele que faz questão de
conversar com sua família todos os dias por telefone. “É um jeito de matar a
saudade”, diz.
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