Desde que foram alvejadas pela Operação Lava Jato, há pouco mais de dois
anos, a Petrobras e suas subsidiárias demitiram 169,7 mil pessoas.
O corte já representa o equivalente a 61% da
equipe atual, que estava em 276,6 mil em fevereiro de 2016.
Em dezembro de 2013, eram 446,3 mil pessoas
–de cada 10 trabalhadores empregados antes da Lava Jato, 4 foram dispensados
(veja quadro com a evolução do número de vagas na pág. A20).
Os dados foram compilados pela Folha, a partir de dados apresentados ao conselho de administração da estatal e da pesquisa nos
relatórios publicados pela empresa nos últimos 12 anos.
Os números mostram que, em meio à euforia das
enormes reservas do pré-sal, a estatal saiu de 198,9 mil funcionários em 2004
para o recorde de 446,3 mil em 2013.
RESSACA
Os cortes começaram ainda em 2014, último ano
da gestão Graça Foster, quando 74,3 mil perderam o emprego, e se intensificaram
sob comando de Aldemir Bendine, que cortou 95,4 mil até fevereiro deste ano.
Após as demissões, a Petrobras está hoje com
um efetivo semelhante ao de 2007.
A Petrobras disse por meio de nota que “está reduzindo seu nível de investimento e gasto operacional,
o que acaba refletindo na contratação de serviços e em ajuste nos empregados
próprios”.
Uma análise dos cortes mostram que 85% das
demissões ocorreram entre prestadores de serviço que realizavam obras para a
companhia. Esse contingente caiu de 175,8 mil pessoas em dezembro de 2013 para
apenas 30,8 mil em fevereiro de 2016.
A Petrobras foi obrigada a cortar
drasticamente os investimentos para preservar seu caixa e tentar reduzir suas
dívidas, que giram hoje ao redor de US$ 100 bilhões.
Além disso, grandes obras foram paralisadas ou reduzidas com as denúncias de
pagamento de propina pelas empreiteiras a ex-funcionários da empresa e a
políticos.
REESTRUTURAÇÃO
Os cortes de funcionários não devem parar por
aqui. Segundo a Folha apurou, a Petrobras finaliza uma reestruturação que deve ser analisada
pelo conselho de administração nesta quarta (30).
Os cargos executivos podem ser reduzidos em
40%, o que vai provocar demissões e redução de despesas, como viagens ou
aluguéis. A estatal está devolvendo uma de suas sedes no Rio e prédios em
outros Estados.
O corte vai atingir empregados próprios e terceirizados
administrativos e de operação, áreas em que até agora as demissões foram
tímidas.
O contingente de pessoal próprio caiu 8,7%,
para 78,6 mil pessoas, entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2016. No mesmo
período, a redução nos terceirizados das áreas administrativas e de operação
foi de 9,3%.
A área administrativa, segundo funcionários
que trabalham na empresa, ouvidos pela Folha, sofre de inchaço
por causa da pressão de partidos políticos pela contratação de apadrinhados.
No ano passado, a Petrobras demitiu 6.000
funcionários administrativos.
A Lava Jato também sustenta que o ex-ministro
José Dirceu e ex-funcionários cobravam propinas de recrutadoras de recursos
humanos, como Hope e Personal.
Segundo a investigação, quanto mais
recepcionistas, seguranças, jornalistas e outros profissionais eram empregados,
maior era o valor dos contratos, e maior a propina mensal dos corruptos.
Dirceu nega a acusação.
Fonte: Folha de SP
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