Foi divulgado na útma sexta-feira (21) um relatório final no site da mineradora Vale com 50 páginas, feito pelo Comitê Independente de Assessoramento Extraordinário de Apuração (CIAE-A), instituído pelo Conselho de Administração da Vale para apurar causas e responsabilidades do rompimento da barragem de Brumadinho em MG, o documento mostra que a estrutura tinha problemas há 25 anos. Mesmo sabendo dos perigos de rompimento e os riscos para os trabalhadores a empresa tendia a ignorar e contestar os estudos anteriores.
O rompimento da barragem (B1) que aconteceu na Mina Córrego do Feijão no dia 25 de Janeiro às 12h28 de 2019, registrou 665 vitimas. O crime deixou 259 mortos 11 desaparecidos e um estrago gigantesco para o meio ambiente da região. 11,3 milhões de metros cúbicos de rejeitos e lama se espalharam por mais de 46 km e atingiu animais, casas, carros, rios como Paraopeba e afluentes do rio São Francisco, devastou aproximadamente 125 hectares de floresta, a água que antes era consumida por animais diretamente dos rios se tornou imprópria para o consumo.
A B1 foi construída em 1976, e foi de posse da Ferteco Mineração até 2001. Os detritos minerais, rochas e terras escavadas durante a mineração são descartados e depositados em camadas num vale, formando a barragem, esse tipo de lixo de minério – a barragem- é mais barato para as empresas, mas é também o que oferece mais riscos. Com a visão capitalista de investimento mínimo e lucros altos, vidas de pessoas entram na linha de frente desses tipos de trabalho como a mineração. Atualmente o Brasil tem 430 barragens, segundo o relatório da Agência Nacional de Águas (ANA).
O comitê coordenado pela ex-ministra do STF Ellen Gracie, concluiu que Vale sabia dos problemas da B1 desde 2003. A empresa comprou a estrutura em 2001 da Ferteco Mineração que também tinha informações anteriores à aquisição sobre as fragilidades da estrutura. Segundo o relatório, ’em 1995 a empresa Tecnosolo apresentou um projeto para a Ferteco sobre condições desfavoráveis de segurança, sobretudo em relação aos altos níveis freáticos e baixos fatores de segurança’. A analise da CIAE-A confirmou que o rompimento se deu devido a instabilidade estrutural com liquefação.
Em 2003 a Vale contratou o Consórcio Dam DF para realizar a auditoria externa, que encontrou valores de fator de segurança inferiores aos mínimos considerados satisfatório. A empresa Pimenta de Ávila recomendou que a mineradora que fizessem analise de potencial de liquefação todos os anos a partir de 2010, já que o último havia sido feito em 2006, mas somente em 2014 a Vale foi encomendar um novo estudo. Em 2016, novos relatórios finalizados pela Geoconsultoria “mostraram resultados desfavoráveis a respeito da instabilidade da B1”.
Em 2017 novos estudos foram realizados pelas empresas Potamos e Tüv Süd ambas cacularam o fator de segurança divulgado em 2018 como 1,06 atestando a estabilidade da barragem já que os padrões internacionais atestam como fator mínimo de segurança de 1,3. Apesar dos riscos a Vale não fez nada para que em caso de rompimento os trabalhadores e moradores pudessem de forma rápida e objetiva evacuar o local, a maioria dos mortos foram funcionários da mineradora e de empresas terceirizadas que atuavam na Mina Córrego do Feijão.
A Vale foi criada em 1942, com recursos do tesouro nacional, foi vendida pelo governo FHC em 1997 por R$ 3,3 bilhões, na época suas reservas minerais eram calculadas em mais de R$ 100 bilhões, a empresa é produtora de ouro, explora Bauxita, Titânio e possui uma gigantesca malha ferroviária. Portanto o capitalismo e a privatização de empresas estatais coloca em jogo a vida a moradia e habitat de centenas de pessoas e animais. Uma vez vendida, a empresa diminui drasticamente os investimentos em manutenção e estrutura visando apenas o lucro.
Quando a empresa passa para o controle do capital financeiro internacional, o dinheiro tende a sair do país, no caso da Vale a intensificação da produção voltada para fora, causa um esgotamento das matérias primas e como consequência graves impactos ao meio ambiente, em relação a população soma-se ataques a legislação trabalhistas e práticas antissindicais. Esses monopólios não defende nem se preocupa com o território e o povo brasileiro, apenas em mais dinheiro para si e para seus acionistas.
0 comentários:
Postar um comentário