O mês de julho, assim como 2016, continua trágico para os trabalhadores da Vale Fertilizantes em Araxá (MG). Para não fugir da triste rotina de acidentes, que tem marcado essa multinacional, um funcionário da área de produção quase perdeu o braço, após acidente, avaliado sem importância pelo setor de Segurança e Medicina do Trabalho da empresa.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Extração de Metais Básicos e de Minerais Não-Metálicos, Indústrias Químicas e de Fertilizantes de Araxá, Vicente Magalhães de Matos, não é por falta de aviso, a respeito das precárias condições de segurança e irresponsabilidades que autorizaram o funcionamento de um transportador de correia, sem nenhuma condição de operação. “Caso o equipamento tivesse sido parado para manutenção, teríamos evitado o acidente”, disse.O funcionário ficou internado três dias no hospital Dom Bosco de Araxá (MG) e liberado em seguida, e três meses afastado do serviço. “O problema se agravou, a família procurou a Vale Fertilizantes e ignoraram o assunto. Procuram outro especialista e se constatou a gravidade. O acidente provocou dano maior do que o avaliado pelos médicos do hospital Dom Bosco. Em Uberlândia, foi detectado que o trabalhador acidentado, agora afastado por um ano, corre risco de perder o braço”, disse.Na avaliação de Vicente, se a Vale Fertilizantes tivesse feito o acompanhamento correto, o quadro de saúde deste funcionário não teria se agravado. “A política desta empresa é fazer seus trabalhadores executarem suas funções sob pressão em atividades de risco. Não tratam seus empregados como seres humanos. Na ótica da Vale Fertilizantes são mera peça da engrenagem da linha de produção”, criticou.Triste rotinaDesde 2015, a Vale Fertilizantes coleciona diversos acidentes de trabalho em Minas Gerais. O último ocorreu na noite de 18 de fevereiro de 2016, com outro princípio de vazamento de amônia, a exemplo do repetido no dia anterior, quando oito funcionários da filial da empresa em Araxá (MG) sofreram intoxicação. “Por sorte uma válvula de retenção funcionou impedindo que grande quantidade de amônia fosse liberada provocando tragédia, num acidente de grandes proporções”, disse o presidente do Sima (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Extração de Metais Básicos e de Minerais, Indústrias Químicas e Fertilizantes de Araxá e Região), Vicente Magalhães de Matos.Na avaliação do presidente da CNTQ (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Químico) e do Sindiquímicos Guarulhos, Antonio Silvan Oliveira, apesar da atuação dos dirigentes sindicais que cobram constantemente da Vale a prevenção, a direção da empresa não dá ouvidos, deixando uma imagem de descaso com a integridade física e a vida dos seus trabalhadores. “Tudo isso em detrimento do lucro, como indica os últimos acidentes”, frisou.Histórico de acidentesEm 27 de abril de 2015, um trabalhador da Vale Fertilizantes em Araxá teve parte do braço amputado numa máquina; no dia 30 de junho outro funcionário sofreu grave queimadura; em 22 de setembro diversos trabalhadores da empresa, em Uberaba (MG), saíram intoxicados por causa de vazamento de gás; nos dias 2, 10 e 15 de janeiro de 2015, em Tapira e Araxá, três funcionários sofreram graves mutilações em outro acidente ocorrido dentro da fábrica da Vale Fertilizantes e em 17 de fevereiro um vazamento de amônia mandou oito trabalhadores para o hospital em Araxá, todos intoxicados.
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